sábado, 23 de março de 2013



POEMA DE UM SONHO A QUATRO MÃOS





A vida segue seu rumo... incerto...
O tempo acentua certas fendas... e rasuras...
Aumenta distâncias...
faz crescer barreiras onde havia caminhos...
Que tornam-se enormes, intransponíveis...
Digo que sou feita de curvas e abismos...
E você me diz que fica com as curvas
e não com abismos,
que vislumbra os vales pra voar...
Eu penso, mas não digo...
Se quiser as curvas
vai ter que mergulhar no abismo...!...
No meu abismo, se mergulhar, encontrará
o que é profundo e verdadeiro em mim!
E digo: - Só voa quem mergulha!
E você replica:
- todo voo é um mergulho, tem sua profundidade...
Abismos são curiosos, mas nem sempre ao serem explorados revelam belezas. Os vales nos encantam desde o primeiro olhar!
E eu concordo...
Sim belíssimos... e não sei de onde surge o mar...
com a Lua cheia nascendo imensa por trás...
deixando um rastro de luz...
a escorrer lentamente
até a Lua ir-se de manhãzinha...
- Adoro essa sua chatice... lhe digo...
-Você sabe dos contos de mil e uma noites?
Pergunta-me você!
E eu penso iniciamos agora a primeira...

Zeni Bannitz & Flávio Roquetti (in memorian)
Zeni Bannitz
Enviado por Zeni Bannitz em 23/03/2013
Código do texto: T4203637 

Um comentário:

  1. Está aí um poema pra se ler e reler sem se cansar. Os poemas de Zeni se fazem, urgentemente, recomendáveis. O prazer de leitura é imenso.

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